A microbacia do córrego Pedras Grandes – Unidade Territorial Estratégica (UTE) Guaicuí, na Bacia Hidrográfica do Rio da Velhas, em Minas Gerais, tem agora um projeto de recuperação ambiental. A Cobrape concluiu o diagnóstico das condições hidrológicas e ambientais e elaborou os projetos básico e executivo com o objetivo de promover impactos positivos na quantidade e qualidade das águas da região e na recuperação e conservação da microbacia. O Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) é responsável pelo projeto.
A iniciativa faz parte do Programa de Conservação e Produção de Água da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, lançado pelo CBH do Rio das Velhas, e conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Várzea da Palma.
A equipe da Cobrape desenvolveu um Plano de Trabalho e ações estratégicas. Em seguida, partiu para um diagnóstico minucioso da microbacia, que apontou a situação ambiental atual e forneceu elementos para subsidiar a proposição de soluções adequadas. Entre os principais problemas identificados estão a perda de vegetação nativa, a erosão e compactação do solo e a escassez hídrica.
Para enfrentar esses desafios, uma série de intervenções está planejada. Entre elas destacam-se o cercamento de áreas de reserva legal, o plantio para recuperação da vegetação, o terraceamento do terreno, a construção de paliçadas e de barraginhas para contenção de água, além da implementação de técnicas para controle da erosão em estradas não pavimentadas.
A construção de cercas ao redor de áreas como as de preservação permanente, de reserva legal e ou àquelas degradadas, visa protegê-las contrafatores causadores de degradação, como o gado, além de contribuir para o processo de regeneração natural. Já o plantio de vegetação nativa em áreas degradadas e voçorocas busca restaurar ecossistemas vitais para a saúde da microbacia. E o revestimento desses locais com espécies densas e rasteiras, como o plantio consorciado de gramíneas e leguminosas, também faz parte da estratégia para controle da erosão.
Outra medida importante é a construção de barraginhas, estruturas que ajudam a reter água e evitar a erosão do solo. A solução eficaz e econômica precisa de manutenção regular para garantir sua potencialidade ao longo do tempo.
Além disso, a construção de terraços faz parte das propostas e consiste na elevação de terra transversal ao sentido do declive do terreno de forma a interceptar a enxurrada antes que ela atinja uma velocidade capaz de provocar o arraste do solo. Contribui para a conservação da água e aumenta a conservação do solo.
Ainda entre as medidas, foi recomendado a paliçada, uma fileira de peças de madeira que deverá ser aplicada para reter grandes volumes de sedimentos. Também será necessário controlar a erosão nas estradas. Para tal, foi sugerido a construção de estruturas como abaulamento, sarjetas, lombadas, bigodes e barraginhas.
Ao todo, o projeto abrange:
• 592,7 hectares de novas áreas de Reserva Legal;
• 40.523,1 metros de extensão de cercas;
• 19,9 hectares de plantio para recomposição da vegetação nativa;
• 1,5 hectares de plantio consorciado de gramíneas e leguminosas para controle de erosão;
• 61 novas barraginhas de contenção nas propriedades.
• Manutenção de 15 barraginhas existentes nas propriedades
• 240 novas barraginhas nas estradas, para controle de erosão ao longo de 10 trechos não pavimentadas, juntamente com a implementação de lombada, bigode, vertedor, sarjeta e abaulamento do leito da estrada.
• Manutenção de 9 barraginhas existentes nas estradas, para controle de erosão ao longo de 1 trecho de estrada não pavimentada.
• 5 terraços, totalizando 553 metros de extensão;
• Construção de 10 novas barraginhas nas extremidades dos 5 terraços;
• 38 paliçadas, totalizando 7,2 metros de extensão.
Após implantação das intervenções sugeridas, é necessário um monitoramento constante, que contribuirá para avaliar o progresso das intervenções e garantir sua eficácia a longo prazo. O projeto sugere ainda a capacitação dos agentes públicos e proprietários no monitoramento da qualidade da água, que será fundamental para garantir a continuidade e sucesso dessa iniciativa, vital para a preservação do meio ambiente e da qualidade de vida das comunidades envolvidas.
UTE Guaicuí
A região enfrenta problemas como desmatamentos aliados ao superpastoreio e à mecanização inadequada nas plantações, compactação de terras agrícolas, diminuição da capacidade de infiltração de água no solo, além de técnicas inadequadas para abertura e manutenção de estradas vicinais. Os trabalhos tiveram início em março de 2023 e foram concluídos em janeiro deste ano.
Localizada no Baixo Rio das Velhas, a UTE Guaicuí tem área de 4.136,93 km² e população de 31.581 habitantes. É composta pelos municípios de Corinto, Lassance, Pirapora e Várzea da Palma. Possui cinco Unidades de Conservação em seu território, ocupando 19,48% da área total e 35% da área da UTE é considerada prioritária para conservação. É a unidade territorial mais extensa da Bacia do Rio das Velhas, com 153,66 km.