A avaliação é do diretor da Cobrape e presidente da Abes/SP, Alceu Bittencourt, um dos especialistas no tema mais presentes em eventos e na mídia em 2014

A crise hídrica inédita que afeta parte do território brasileiro, especialmente a região da Macrometrópole Paulista, tem contribuído para o aprofundamento dos debates em torno do tema da água. Esse repensar dos desafios impostos pela escassez é o caminho mais seguro para o equacionamento do problema e sua solução. “A crise nos leva a um momento de reorganização e, principalmente, de aprendizagem”, afirma Alceu Guérios Bittencourt, diretor da Cobrape e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de São Paulo – ABES/SP.

Ao longo do ano, o engenheiro participou de numerosos debates e foi requisitado pela imprensa para ajudar a esclarecer a opinião pública sobre aspectos relacionados ao problema, contribuindo com análises, ideias e, principalmente, exemplos de ações baseadas na experiência em gestão de recursos hídricos. A Cobrape é responsável, entre outros trabalhos, pelo Plano Diretor de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, elaborado para o Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE e concluído no final de 2013, onde se indicam alternativas para garantir as vazões necessárias ao atendimento do aumento da demanda projetada a médio e longo prazos, e para enfrentar situações hidrológicas muito desfavoráveis, como a que se vive atualmente.

Entre os eventos para os quais o engenheiro Alceu Bittencourt foi convidado em 2014, destacam-se o I Fórum Técnico Internacional Reuso Direto e Indireto de Efluentes para Potabilização, promovido pela Faculdade de Saúde Pública da USP, e o seminário A Crise de Escassez Hídrica no Brasil e seu Gerenciamento no Estado de São Paulo, pelo CREA-SP, que contou com a participação do professor Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água e indicado para assumir Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo no próximo governo.

Além de fonte de informação recorrente na mídia especializada, Bittencourt também ajudou a elucidar questionamentos levantados por veículos de comunicação, como as revistas Época e IstoÉ, o jornal Valor Econômico, TV Câmara, Portal R7 e outros, e escreveu para a seção de Opinião de O Estado de S. Paulo. Alguns de seus pontos de vista manifestos estão aqui reunidos.

Medidas

Dentre outras ações, Bittencourt preconiza o investimento em inovações tecnológicas, como o reuso da água, o estabelecimento de uma escala de prioridades visando apaziguar o conflito de demandas por parte da indústria, agricultura, energia – com nítida ênfase no abastecimento voltado ao consumo humano direto – e numa política tarifária que, além de premiar a economia, eleve a carga sobre grandes consumidores. “É preciso acelerar o processo de decisão a partir de hoje, realizar uma gestão de curtíssimo prazo para atender às questões emergenciais e à situação que temos pela frente, que não sabemos bem qual é – mas que é certamente uma situação alterada”, defende o engenheiro.

Prazo

Para Bittencourt, será necessário ao menos um ano até que as condições dos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo se regularizem, após o ano crítico que passaram em 2014 e que os derrubou a mínimas históricas de reservas. "Embora as previsões meteorológicas não sejam seguras, as dificuldades devem se prolongar pelo menos pelo próximo ano inteiro com demandas estratégias de longo prazo." O engenheiro lembra que São Paulo já enfrentou situação de estiagem prolongada entre 1950-1955 que, caso se repetisse no contexto atual, poderia ser agravada pelos efeitos das mudanças climáticas.