A construção do Canal Acauã-Araçagi, no Estado da Paraíba, entre todos os projetos complementares da transposição do Rio São Francisco, é o que avança com mais velocidade, segundo declarou o Ministro da Integração, Fernando Bezerra, ao assinar, em junho último, a ordem de serviço para o terceiro e último lote de obras. O empreendimento, iniciado em outubro de 2012, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2, e está sendo executado pela Secretaria do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Ciência e Tecnologia do Estado com a consultoria da Cobrape.
Previsto para ser concluído em quatro anos, o Canal Acauã-Araçagi poderá ser entregue ainda no final de 2015, como pretende o governo do Estado, dada a importância estratégica do projeto. Com extensão de 112,44 km, o Canal integrará as bacias hidrográficas da vertente litorânea da Paraíba. O sistema receberá as águas da transposição do São Francisco a partir da barragem Acauã. Esse reservatório tem capacidade de 253 milhões de metros cúbicos e vai garantir o abastecimento de 38 municípios. A área irrigada será de 16 mil hectares. O projeto foi orçado em R$ 956 milhões, sendo 90% financiados pela União e o restante pelo Estado.
A Cobrape foi contratada, por meio de licitação pública, para prestar consultoria para gerenciamento das obras de implantação do Canal. Os serviços incluem a integração das atividades exercidas por todas as empresas contratadas, fornecedores, órgãos públicos e privados e concessionários de serviços públicos; a avaliação dos projetos básicos das obras, assim como da fabricação, fornecimento e montagem dos equipamentos previstos; e o monitoramento dos aspectos relacionados à gestão ambiental do empreendimento, particularmente no que diz respeito à mitigação e compensação dos impactos ambientais que possam ser causados pelas obras.
Obra gigantesca
O Canal Acauã-Araçagi está sendo construído em seção trapezoidal com revestimento em concreto, capacidade de vazão variando de 10 m³/s, no trecho inicial, até 2,5 m³/s, no último trecho. O sistema adutor conta ainda com 22,6 km de trechos em sifões de tubos em aço carbono e 3,4 km de trechos em túneis escavados em rocha. O Canal terá trechos com largura de 120 metros em aberto que receberá revestimento impermeável e trechos com 80 metros de largura por onde passarão três tubos de 1,9 metros de diâmetro. A água seguirá os 112,44 km por gravidade.
O lote 1, com 41 km, já está bastante avançado. A escavação de uma rocha com 24 metros de profundidade está quase concluída, alguns trechos estão em terraplanagem, outros com a implantação de sifões e o canal em breve será revestido. Os trabalhos envolvem 1.200 operários, além de engenheiros especialistas em várias áreas, e cerca de 500 máquinas e equipamentos. O canteiro de obras do lote 2 já foi instalado e o lote 3 deve ter início em novembro.
As obras dos lotes 1 e 2 são de responsabilidade do Consórcio Acauã, formado pelas empresas Construtora Queiroz Galvão, Via Engenharia, Construtora Galvão Engenharia e Construtora Marquise; e do lote 3, do Consórcio Vertente Paraibana, formado pelas empresas Carioca Christiani-Nielsen Engenharia, S/A Paulista de Construções e Comércio e Serveng-Civilsan.
Sustentabilidade hídrica
Os municípios na área de influência do Canal Acauã-Araçagi somam mais de 400 mil habitantes, dos quais cerca de 170 mil não dispõem de nenhum tipo de serviço público de abastecimento de água, e os demais, embora disponham de um serviço, não têm garantia de qualidade e regularidade no fornecimento.
Além de assegurar o abastecimento para o consumo humano, a construção do Canal possibilitará a implantação de projetos de irrigação ao longo de seu traçado, uma vez que ele atravessa uma região da Paraíba com vocação agrícola, de solo de boa qualidade e com aptidão para a agricultura irrigada.
Considerada a maior obra de sustentabilidade hídrica da Paraíba, o Canal Acauã-Araçagi deve impulsionar a economia da região, transformando-a em um importante polo de desenvolvimento do Estado.
