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COBRAPE - Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos
 
Reportagem Especial
Vila Estrutural: de invasão à cidade
  
Assessoria de Comunicação
02/12/2009

Hoje, as obras tomam conta da Vila Estrutural. Proposta de urbanização seguiu diretrizes do PAT-PROSANEAR.

  • Hoje, as obras tomam conta da Vila Estrutural. Proposta de urbanização seguiu diretrizes do PAT-PROSANEAR.

Em 1960, Juscelino Kubitscheck inaugurou Brasília. Exatos 10 anos depois, teve início a ocupação irregular das áreas vizinhas ao aterro controlado do Jóquei Clube, mais conhecido como Lixão do Jóquei.

Eram apenas cerca de 130 pessoas que tiravam do lixão o seu sustento. Moravam em cabanas erguidas com materiais encontrados no próprio aterro e, se por um lado estavam muito próximos do lixão, pelos outros dois lados estavam muito próximos a uma imensa extensão de cerrado e a um cristalino córrego - respectivamente o Parque Nacional de Brasília e o córrego Cabeceira do Valo.

A combinação dos três elementos - urbanização informal, área verde e recursos hídricos - estava destinada a gerar problemas para todo mundo.

Em pouco tempo, o pequeno núcleo de catadores de lixo se transformou em uma das maiores invasões da capital. A Vila Estrutural passou dos 35 mil habitantes, seus moradores começaram a chamá-la de cidade. Uma cidade vermelha até pouco tempo atrás: a terra seca que tomava conta das ruas sem asfalto tingia pessoas, objetos e casas com a inconfundível cor da carência de infraestrutura.  

Mas não foi apenas o incômodo causado pelas ruas de terra que marcou a história da Estrutural. O processo de ocupação irregular gerou condições favoráveis para uma escalada de violência. A Polícia Civil do Distrito Federal contabilizou, nos últimos dez anos anos, 7,7 homicídios para cada dez mil habitantes da Vila. A imagem da cidade causava danos a seus moradores.

Sônia Mendes, presidente da associação Mãos que Criam, que capacita artesãs moradoras do local, conta que seu filho, ao sair da escola com colegas, nunca tomava o ônibus que indicava no itinerário o destino Vila Estrutural. "Isso aqui era uma vergonha", resume.

A comerciante Francisca Santos Carvalho afirma que a Vila Estrutural ainda sofre discriminação devido aos altos índices de violência. "Mas antigamente era mais", declara, enquanto observa com atenção o movimento em sua loja de materiais de construção.

Começa a mudança

Francisca e Sônia são retratos da transformação pela qual passa a Vila Estrutural.

A comerciante, que mora na cidade há mais de dez anos, tem seu negócio instalado na Avenida Luiz Estevão, uma artéria principal, asfaltada e com muito movimento de carros e pedestres.  As reclamações de Francisca sobre a Vila Estrutural são indícios de que o processo de urbanização e desenvolvimento integrou a Estrutural à vida formal de maneira irreversível.

Enquanto reclama do trânsito, Francisca chega a ficar com saudades de outros tempos. "Melhorou muito, mas agora eu tenho a concorrência das lojas de fora; antes os moradores nem tinham como sair daqui para comprar em outro lugar", constata. A necessidade de regularizar o seu estabelecimento também é considerada, num primeiro desabafo, como uma perda. "Eu não tinha firma registrada, e agora tem várias exigências, alvará de funcionamento, o lucro diminuiu; mas tem que ser assim, né?", diz Francisca.

Para Sônia, a chegada da urbanização e da formalidade não causou nenhum problema. Pelo contrário. A associação Mãos que Criam mudou de endereço, aumentou de tamanho, conseguiu financiamento para seu projeto de capacitação e atualmente está atendendo 300 artesãs. O trabalho dessas mulheres se tornou conhecido e é impossível não se render aos encantos dos produtos, alguns confeccionados com materiais  coletados na própria comunidade.  Uma artesã mostra um pacote de prendedores de cabelos prontos para serem vendidos e aponta para uma pilha de caixas de leite. "São feitos com as caixinhas que o pessoal entrega aqui, não ficam lindos?", comenta, orgulhosa.

No Centro de Ensino Fundamental 1, inaugurado em abril de 2009, a sensação também é de superação. A escola era precária, quase uma cabana. Agora os estudantes frequentam um ambiente planejado, com infraestrutura de fazer inveja a muita escola particular. A renovação do equipamento público também ensejou uma renovação no comportamento dos alunos. Em setembro, eles realizaram o Festival Cult da Paz, uma exposição de talentos para integrar turmas, acabar com brigas e criar um novo padrão para a educação na Estrutural.

A mudança no curso histórico da Vila Estrutural foi possível graças a uma série de ações integradas e multissetoriais empreendidas pelo governo do Distrito Federal, pelo governo federal e financiadas pelo Banco Mundial. Essas ações, articuladas no programa denominado Brasília Sustentável, foram o ponto de partida para a transformação da paisagem urbana e do destino da cidade. E a Cobrape estava lá, instalada dentro a Vila Estrutural, na Avenida Luiz Estevão - quase na frente de onde hoje é a loja de Francisca - ajudando a construir essa história de conquista.

Sustentar o crescimento de Brasília

Brasília Sustentável. O nome diz tudo. O objetivo do programa é assegurar às gerações futuras um alto nível de desenvolvimento humano. Para isso, é preciso reduzir a degradação ambiental, promover as condições para o desenvolvimento social da população e a requalificação urbana do território.

As diretrizes do Brasília Sustentável foram ditadas por uma política nacional de urbanização de favelas, o programa PAT-PROSANEAR. A Cobrape, que conhece bem o programa, foi a empresa contratada pelo governo do Distrito Federal para desenvolver e implantar a metodologia proposta pelo PAT-PROSANEAR em três frentes de atuação: o Plano de Desenvolvimento Local Integrado (PDLI), o Projeto de Saneamento Integrado (PSI) e o Programa de Trabalho Social (PTS).

Os três instrumentos primam por colocar os interesses dos moradores no centro das ações e partem do princípio de que a participação da comunidade é essencial na construção de um novo padrão urbano. A arquiteta Renata Fernandes conta que, quando a equipe da Cobrape apresentou à comunidade o projeto do trevo de acesso à cidade, os moradores logo avisaram: - Não queremos o trevo aqui, porque é muito perto da escola. "A opinião dos moradores foi levada em consideração e a Cobrape alterou o projeto", revela.

Renata permaneceu na Vila Estrutural com a equipe da Cobrape durante três anos, de 2006 a 2008. Hoje fica admirada com a transformação que ajudou a planejar. As obras estão a pleno vapor. O governo do Distrito Federal estima que até dezembro 80% das ruas da Estrutural estarão asfaltadas ou com bloquete. "Aqui era um terrão", aponta Renata para o acesso à cidade. "E hoje tem paisagismo", completa, satisfeita com os resultados do trabalho.

A arquiteta se recorda das primeiras audiências públicas realizadas pela Cobrape, nas quais eram apresentadas maquetes eletrônicas das futuras melhorias a moradores incrédulos. "Uma vez, uma senhora falou para mim que nem o bisneto dela iria ver aquilo", lembra Renata, rindo.  Mas a verdade é que a Vila Estrutural já é outra.

Dos planos, projetos e programas desenvolvidos pela Cobrape, muita coisa já foi feita. Três escolas novíssimas dominam a paisagem, atendendo cerca de 3 mil alunos da cidade; o posto de saúde acanhado e antigo cedeu espaço a um moderno centro de saúde; o centro comunitário, ainda em construção, promete ser um ponto alto da nova Estrutural. "Até a igreja foi reformada", observa Luis Carlos Oliveira de Araújo, técnico da Cobrape que também integrou a equipe que permaneceu na Estrutural até janeiro de 2008.  A reforma da igreja é sinal dos tempos de urbanização e do envolvimento da comunidade com o processo de requalificação urbana do seu território.

Novo lar

Remoções não faltam na história da Estrutural. Cerca de mil famílias foram remanejadas, com o apoio da Cobrape, de áreas de risco ou de proteção ambiental. No total, 1.498 novas casas estão sendo construídas, com infraestrutura completa - luz, água, esgoto e asfalto -, coisa que não existia para os moradores das precárias casas de madeira que eram a marca da cidade.

Muitas famílias já se mudaram, e estão gostando do novo lar. Renata e Luis encontraram Amanda Cristina de Souza, uma estudante de 15 anos, arrumando a casa enquanto ouvia música. Luis pergunta como está a vida na casa nova e ela responde rápido. "Hoje está ótimo. Eu morava num barraco horrível, com chão de cascalho, e quando chovia molhava tudo o que gente tinha", conta a adolescente, que mora com o pai e a irmã na casa geminada. A família é originária da Bahia, como a maioria dos moradores da Estrutural, segundo apontou o diagnóstico feito pela Cobrape no início dos trabalhos.

Novas aspirações

As novas condições da Vila Estrutural despertam, naturalmente, novas aspirações em seus moradores.

Edmilson Almeida Lopes é dono de lava-jato e mora há dez anos na cidade. Líder comunitário, acompanha de perto tudo o que acontece na Estrutural. Nada escapa ao seu olhar - a qualidade do asfalto, a largura das ruas, a questão das calçadas que ainda não foram feitas. Com seu apurado senso crítico, diz que "bate palmas" para tudo o que foi feito, mas que é preciso fazer mais. Paraibano, quando questionado se pretendia voltar para a terra natal, respondeu: "Não, foi este local que me deu qualidade de vida, vou fazer o quê lá?".

E os catadores de lixo?

Um dos componentes do programa integrado na Vila Estrutural era o apoio aos catadores de lixo do aterro controlado do Jóquei Clube. Afinal de contas, tudo começou com eles. 

O lixão que deu origem à cidade está com os dias contados. Segundo a Unidade Gestora do Programa Brasília Sustentável, o aterro será desativado dentro de dois anos. Uma parte dos catadores será integrada a frentes de trabalho do governo do Distrito Federal e passará por cursos profissionalizantes para aprender novos ofícios. Aqueles que pretendem continuar na cadeia da reciclagem serão incorporados a um centro de triagem em outro local, com condições completamente diferentes das encontradas no Lixão do Jóquei.

Um final feliz para esta fase de mudanças profundas na Vila Estrutural.


Veja galeria de imagens da Vila Estrutural
Conheça o trabalho da associação Mãos que Criam

 

Assessoria de Informação

 
 
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