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COBRAPE - Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos
 
Reportagem Especial
Estudo aponta soluções para o abastecimento de água em Caraguatatuba e São Sebastião
  
Assessoria de Comunicação
06/05/2010

A ETA Porto Novo deve ser duplicada para atender as demandas de água tratada até 2030

Captação de água bruta na lagoa do Baixo Rio Claro

No Alto Rio Claro, captação de água em período de chuvas.

Filtros para o tratamento da água captada na ETA Porto Novo.

  • A ETA Porto Novo deve ser duplicada para atender as demandas de água tratada até 2030
  • Captação de água bruta na lagoa do Baixo Rio Claro
  • No Alto Rio Claro, captação de água em período de chuvas.
  • Filtros para o tratamento da água captada na ETA Porto Novo.

Há mais pontos em comum entre Caraguatatuba e São Sebastião do que as belas praias cravejadas em suas orlas e costas marítimas.

Cidades limítrofes, ambas possuem cerca de 80% de seus territórios em áreas de preservação ambiental, delimitadas pelos domínios do Parque Estadual da Serra do Mar.

As duas são economicamente estratégicas para o Litoral Norte de São Paulo - São Sebastião com seu aparato portuário e energético e Caraguatatuba com sua vocação para o turismo, comércio e serviços.

Grandes obras de infraestrutura se insinuam no futuro das vizinhas, como a duplicação da rodovia Tamoios, as instalações de apoio à extração do gás natural do Campo de Mexilhão e a expansão portuária.

E, finalmente, o verão surge como a face mais visível da identidade entre as duas cidades litorâneas. Na alta estação, Caraguatatuba e São Sebastião recebem seus turistas e veem sua população quintuplicar.

Diante desse futuro promissor, cabe a pergunta: haverá água em quantidade e qualidade suficientes para apoiar o desenvolvimento econômico e turístico de Caraguatatuba e São Sebastião de forma sustentável?

O engenheiro Ariovaldo Delquiaro acredita que sim, desde que sejam efetivadas intervenções nos sistemas de produção e distribuição de água que atendem os dois municípios. Delquiaro coordenou a elaboração do Estudo de Concepção do Sistema de Abastecimento de Água de Caraguatatuba e São Sebastião, entregue pela Cobrape para a Sabesp neste mês de maio.

O Estudo resultou em 11 relatórios com alternativas para a ampliação da captação, do tratamento e da distribuição de água na região para os próximos 20 anos. As soluções indicadas foram analisadas e comparadas em três dimensões - técnica, econômica e ambiental e o fio condutor do trabalho foi a otimização e racionalização das infraestruturas já instaladas.

Delquiaro avalia que o destaque do estudo ficou por conta da solução para a distribuição de água. "A situação geográfica das cidades exigia uma saída não convencional", adianta o engenheiro.

Para simular os cenários do horizonte de 20 anos, foram feitas várias combinações de projeções demográficas. A hipótese adotada prevê que, em 2030, cerca de 390 mil pessoas vão consumir algo em torno de 1.300 litros de água por segundo na região. Atualmente, o consumo não chega a 960 litros por segundo.

Ampliar e melhorar o tratamento da água

O diagnóstico atual é de insuficiência em todo o ciclo do abastecimento de água de Caraguatatuba e São Sebastião. De acordo com a engenheira sanitarista e ambiental Jane Cristina, o problema começa na captação da água bruta, que apresenta níveis cada vez mais baixos de qualidade, com presença de cor e turbidez. "Fatores como a poluição dos mananciais, destruição de matas ciliares e a não observância das políticas de proteção ambiental deterioram a qualidade da água e fazem com que os sistemas de tratamento tenham que ser aperfeiçoados e ampliados", diz a engenheira, que integrou a equipe responsável pelo estudo.

Na região desenhada pela Serra do Mar, os elevados índices pluviométricos também contribuem para o processo de saturação dos sistemas de tratamento de água. O excesso de barro, areia e galhos que são captados junto com a água danificam os sistemas de tratamento que devem, então, permanecer desligados. O fato desagrada a população. No final de março, uma forte chuva causou a interrupção do fornecimento de água para cerca de 50 mil moradores de Caraguatatuba justamente por este motivo.

Depois de analisar os sistemas de tratamento que atendem as duas cidades, a equipe da Cobrape indicou a necessidade de se duplicar a capacidade do principal sistema de tratamento da região, que é o Porto Novo (ETA Rio Claro). De cerca de 600 l/s, o objetivo é que a Estação passe a tratar uma média de 1.200 l/s.

A técnica de tratamento utilizada no sistema, a floto-filtração, permanece. Porém na ampliação da Estação o ideal é a adoção do método de flotação clássico, com câmaras de flotação e filtração separadas. O método, de acordo com o relatório, é o mais indicado para águas com características de cor e turbidez elevadas.  

Medidas para a segurança operacional do sistema de tratamento existente também foram delineadas. Uma delas é a implantação de uma estrutura diferenciada para receber a água bruta, com peneira de limpeza mecanizada, tanque de pré-sedimentação e câmara de mistura rápida com equipamento mecânico para a aplicação do coagulante.

Reduzir perdas
- A perda de água no processo de tratamento foi sublinhada no relatório da Cobrape. No sistema Porto Novo, o índice de perda pode atingir até 20% do volume de água produzido. "Evidentemente, a perda global observada também considera a lavagem dos filtros e eventuais imprecisões nas medidas de vazão da água bruta afluente à ETA e da água tratada produzida. Entretanto, 20% pode ser considerado um valor muito elevado, pois estações de tratamento em geral apresentam perdas na faixa de 3 a 8%, dependendo da concepção e do regime de lavagem dos filtros e descarga de lodo", indica o relatório.

Como solução, o estudo prevê a troca do sistema de remoção do material flotado. "A ideia é eliminar o sistema mecânico, substituindo-o pela raspagem, que não usa água para arrastar o material flotado, daí a economia", explica Jane. Uma medida simples, com resultados impactantes.

Alternativas para captação

Um conjunto de estudos apoiou a equipe da Cobrape na definição das alternativas mais viáveis para ampliar a captação de água bruta na região do projeto. Estudos hidrológicos avaliaram a capacidade dos mananciais e estudos de viabilidade financeira levantaram os custos de novas instalações e os investimentos necessários para o aproveitamento integral das instalações existentes.

Com as informações em mãos, a Cobrape definiu três prioridades para a captação de água bruta, todas levando em consideração a questão da outorga de utilização dos recursos hídricos, autorizada pelo DAEE. "O horizonte do projeto, de 20 anos, requer novos parâmetros para a captação", enfatiza Ariovaldo Delquiaro.

A primeira alternativa estabelece o aproveitamento máximo do rio Claro, que é o atual manancial da região, com captações no alto e no baixo rio Claro. A segunda prioridade coloca em cena o rio Piraçununga e, como terceira opção, o rio Camburu vem se somar aos dois outros mananciais.

Também foram indicadas as obras que acompanham a ampliação da captação, como grupos de recalque e duplicação de adutoras.

O túnel

Captar, tratar e depois distribuir. Em Caraguatatuba e São Sebastião, essa tríade é peculiar.

Antes de chegar às torneiras, a água percorre um caminho de ida e volta: nasce em São Sebastião, é captada e tratada em Caraguatatuba e depois é distribuída para as duas cidades. No meio do caminho, existe um acidente geográfico que dificulta, e bastante, esse percurso - as cidades são separadas por um morro.

O desafio do estudo encomendado pela Sabesp era a identificação de alternativas economicamente, tecnicamente e ambientalmente viáveis para a adução da água até São Sebastião. As alternativas também deveriam levar em consideração a característica das regiões de veraneio - a escalada da população flutuante em alguns períodos do ano.

"Precisávamos superar dois obstáculos: o morro e os picos de consumo de água, especialmente final de ano e Carnaval", resume Delquiaro.

Um modelo matemático de simulação hidráulica foi utilizado para analisar os comportamentos de adução e distribuição de água nas diversas situações vivenciadas pela região. Com os cenários obtidos, foi formulado um leque de alternativas. A melhor delas não é nada convencional.

Os resultados indicaram a construção de um túnel para a transferência da água tratada de Caraguatatuba para São Sebastião.  As outras alternativas - travessia subaquática, linha aérea paralela à rodovia ou a utilização de um futuro túnel da Petrobras - apresentaram inconveniências como custo elevado, alto impacto ambiental e impossibilidade de planejamento.

No litoral paulista, existe uma solução parecida: o túnel-reservatório Voturuá - entre Santos e São Vicente.

Inaugurado em 1981 com o objetivo principal de reservar água, hoje, quase 30 anos depois,  o túnel é uma peça importante do sistema de distribuição. O atual prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, conhece bem a obra, pois foi  superintendente da Sabesp na Baixada Santista. "É o maior túnel-reservatório da América Latina. Já chegamos a fazer eventos no Voturuá e muitos santistas, até hoje, não sabem que ele existe e qual é o seu papel no sistema de abastecimento de água", relata.

O túnel Voturuá também foi personagem de um filme do diretor francês Romain Lesage. O Túnel - Reservatório de Santos e São Vicente, de 1985, conta a história da obra e infelizmente não está disponível em DVD. "O documentário em 35mm está na Cinemateca Brasileira, a ser recuperado", informa Christian Lesage, que trabalhou no filme junto com seu pai.

Com o estudo realizado pela Cobrape, Caraguatatuba e São Sebastião poderão dar um salto de qualidade no abastecimento de água e, quem sabe, transformar o seu túnel em protagonista de filme. Belos cenários não vão faltar.

 

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