A Cobrape está participando do 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (CBESA), promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), que teve início dia 25 e vai até 28 de maio, em Brasília.
Durante o evento, a empresa apresentará 15 trabalhos técnico-científicos que abordam temas relevantes, como drenagem urbana e manejo de águas pluviais, viabilidade econômica de sistemas de esgotamento sanitário, impacto das mudanças climáticas na segurança hídrica, macrodrenagem, reuso direto e indireto de água, entre outros.
Com o tema “Saneamento para quem não tem – inovar para universalizar”, o congresso discutirá os principais desafios do setor no Brasil e as soluções necessárias para garantir o acesso universal a serviços essenciais de saneamento.
Soluções para o saneamento básico
Metodologia estima investimento em drenagem urbana em planos de saneamento
A abordagem foi fundamentada na definição de metas e na identificação de déficits, possibilitando o cálculo de investimentos em medidas estruturais e estruturantes. A metodologia adotada tomou como base as diretrizes do Plano Nacional de Saneamento Básico (2019) e do Programa Nacional de Saneamento Rural (2021). Para áreas urbanas, foram consideradas a expansão, a adequação e a reposição; já para as áreas rurais, a estimativa restringiu-se à expansão, em razão da diferença conceitual quanto ao atendimento adequado e da dificuldade de caracterização da infraestrutura nessas regiões. Os resultados demostram a utilidade da abordagem para o planejamento estadual e regional, ao mesmo tempo que apontam limitações relacionadas às premissas adotadas, à escassez de dados e à consolidação de custos unitários. Recomenda-se o desenvolvimento de mapeamentos de risco e cadastros técnicos para qualificar os indicadores utilizados, além da elaboração de estudos científicos voltados à revisão das premissas e atualização dos custos unitários.
Metodologia para quantificação do déficit em drenagem urbana e manejo de águas pluviais
Para a elaboração do diagnóstico do Plano Metropolitano de Saneamento Básico do Rio de Janeiro (PlanSAN), foi necessário avaliar o déficit dos serviços de drenagem urbana nos 22 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), com o objetivo de propor ações e a estimar os investimentos necessários à universalização dos serviços de saneamento. Inicialmente, foram analisados os dados do indicador IN040 (autodeclarados) e os questionários enviados aos gestores municipais. Devido à baixa confiabilidade das informações obtidas, tornou-se necessário nova análise para compreender o déficit dos serviços de DMAPU no território. A metodologia adotada baseou-se nas Cartas de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações (CPRM/SGB, 2018) e nos dados do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (IBGE, 2022). O estudo permitiu comparar os resultados com os dados do IN040 - possivelmente subestimados - além de ampliar a abrangência das informações em relação ao indicador do SNIS, contemplando imóveis residenciais urbanos, comerciais e os imóveis rurais.
Estudos de viabilidade econômica para sistemas de esgotamento sanitários descentralizados
Para alcançar a universalização do saneamento básico até 2033, a ANA regulamentou a inclusão de soluções alternativas de tratamento de esgoto, como fossas sépticas e sistemas coletivos descentralizados, especialmente indicados para áreas rurais, comunidades isoladas ou regiões com rápida expansão urbana. Uma análise comparou três modelos: (1) rede coletora convencional com estação elevatória; (2) rede coletora com estação de tratamento local; e (3) sistemas individuais baseados em fossas sépticas. Os resultados demonstram que, para pequenas comunidades com até 75 economias, os sistemas individuais são mais vantajosos. Em localidades de porte médio, entre 75 e 750 economias, a solução com rede coletora e estação elevatória apresenta melhor custo-benefício, exceto quando exige linhas de recalque muito extensas. Já para localidades com mais de 750 economias, a implantação de rede coletora com estação de tratamento local torna-se a opção mais eficiente. Essas soluções representam alternativas viáveis e estratégicas para acelerar a universalização do saneamento em regiões periféricas e de difícil acesso no território brasileiro.
Árvore decisória para processos de tratamento de esgoto no estado do Rio de Janeiro
A metodologia utilizada considera a legislação vigente, o porte dos sistemas de tratamento, as boas práticas aplicadas ao tratamento de esgotos domésticos, as possíveis interações com o entorno e a capacidade de adequação do efluente aos padrões de lançamento. De acordo com a Norma Operacional Padrão 45 (NOP-INEA-45), sistemas com vazões inferiores a 2,0 L/s não necessitam de remoção de nitrogênio, enquanto aqueles com vazão igual ou superior a 2,0 L/s requerem remoção de matéria orgânica biodegradável e nitrificação. Há também padrões específicos para o fósforo total em lançamentos em corpos hídricos lóticos e lênticos. A vazão de esgoto é uma referência para diferenciar processos a serem empregados em ETEs de grande porte. Para ETEs de pequeno porte, recomenda-se a aquisição de ETEs pré-fabricadas é indicada. Os sistemas de tratamento foram avaliados com ou sem o emprego de processo anaeróbio antecedendo o processo aeróbio. Foi desenvolvido um algoritmo que auxilia na escolha do sistema de tratamento mais adequado para diferentes cenários no estado do Rio de Janeiro, padronizando a seleção dos processos e otimizando os recursos disponíveis.
Influência das atividades econômicas predominantes na composição dos resíduos urbanos
Com o aumento constante da população e, consequentemente, da geração de resíduos, torna-se necessário tratá-los adequadamente. Compreender sua composição gravimétrica é essencial para a correta gestão correta dos resíduos e para a identificação de programas que se adequem às características locais, contribuindo para a sustentabilidade das cidades. Nesse contexto, foram coletadas nove amostras em locais com características variadas para um estudo gravimétrico realizado durante a elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos dos municípios fluminenses de Campos dos Goytacazes e Itaperuna. Os resultados obtidos foram analisados e correlacionados com aspectos socioeconômicos da população residente nas áreas de coleta. Verificou-se a variação nos percentuais de cada bairro, demonstrando que fatores como as características do território (uso e ocupação do solo e a existência de estabelecimentos comerciais), o índice de alfabetização e os tipos de empregos por setor influenciam diretamente os resíduos gerados.
Análise dos impactos das mudanças climáticas na segurança hídrica do estado de São Paulo - cenário para 2050
A metodologia utilizada para analisar os impactos das mudanças climáticas na segurança hídrica do estado de São Paulo, com projeção para o ano de 2050, incluiu uma análise espacializada dos recursos hídricos em 3.074 ottobacias. Também foi incorporado o Índice de Ameaça Climática (IAC), da plataforma Adapta Brasil do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com o objetivo de avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade hídrica. Os resultados revelaram um aumento na criticidade hídrica em diversas regiões do estado. A análise dos dados mostrou um deslocamento das ottobacias para categorias de maior criticidade hídrica, com crescimento de 9% na categoria de 'Médio Potencial de Comprometimento' (de 298 para 326 ottobacias) e 28% na categoria de 'Déficit no Atendimento' (de 31 para 43 ottobacias). Este aumento, aliado às variações observadas nas 22 Unidades de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos (UGRHIs), traz implicações significativas para a gestão hídrica e reforça a necessidade de implementar estratégias eficazes de adaptação e mitigação.
Variáveis nos custos de implantação de sistemas individuais de esgotamento sanitário
O estudo de variáveis que influenciam os custos de implantação de sistemas individuais - como tanques de evapotranspiração (TEVAP), círculos de bananeira (CB) e biodigestores -, projetados para atender a residências unifamiliares, identificou os principais fatores que impactam os custos dessas tecnologias em áreas rurais, com base na análise de 922 projetos individuais de esgotamento sanitário. Foram considerados quatro conjuntos de soluções: TEVAP de alvenaria com CB, TEVAP em ferrocimento com CB, biodigestores com CB e biodigestores com sumidouro. Os custos foram avaliados com base em orçamentos, incluindo valores unitários e per capita, além da identificação dos itens mais onerosos, conforme a metodologia da curva ABC. Os resultados demonstram que os biodigestores possuem os menores custos unitários, enquanto os TEVAP em alvenaria registraram os maiores custos, com ampla variação entre os valores máximos e mínimos. Conclui-se que os biodigestores representam a alternativa de menor custo entre as analisadas e que variáveis como área disponível e presença de rocha influenciam significativamente o custo total, sendo fundamental uma análise prévia para elaboração dos projetos básico e executivo.
Aplicativo para auxiliar em projetos de soluções individuais de esgotamento sanitário
O aplicativo desenvolvido permitiu a coleta de dados em campo, mesmo sem conexão com a internet, para o cadastramento de imóveis rurais beneficiados. Foi realizado o diagnóstico do imóvel e da área em seu entorno, considerando os aspectos ambientais como a presença de nascentes, áreas de preservação permanente, reserva legal, cursos d’água e vegetação nativa, além dos potenciais impactos ambientais identificados como processos erosivos, assoreamento, lançamento de resíduos em corpos hídricos, queimada ou desmatamento. Essas informações são essenciais para garantir que a escolha da solução sanitária seja ambientalmente segura. O aplicativo gerou relatórios individuais para cada propriedade, estruturados em formulários organizados por tema, com validação automática das respostas, registro georreferenciado e fotos. O sistema também gerava um croqui da solução indicada e um termo de aceite (ou não aceite), assinado digitalmente pelo morador. Ao todo, foram cadastrados 1.339 imóveis e propostas 1.347 soluções individuais.
Evolução dos índices de atendimento para abastecimento de água e esgotamento sanitário
O Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) estimou os investimentos necessários para a universalização dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Esse trabalho tem por objetivo: (i) analisar a evolução dos índices de atendimento adequado para o abastecimento de água e esgotamento sanitário no país; (ii) projetar o avanço necessário para alcance das metas previstas na lei; (iii) e confrontar os investimentos previstos pelo PLANSAB com os valores aportados entre os anos de 2019 e 2021. Ao se analisarem os índices de acesso adequado ao abastecimento de água, observa-se que apenas a região Sul atende a meta estabelecida. Para as demais regiões, projeta-se que apenas a Nordeste não alcançará os 99% em 2033. Em relação ao esgotamento sanitário, a região Sudeste apresenta índice superior à meta de universalização, enquanto as regiões Norte e Nordeste, no cenário atual, não devem atingir o percentual de 90% em 2033. Entretanto, observa-se uma redução nos investimentos. Assim, é fundamental alavancar o ritmo de aportes, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde os déficits ainda são mais expressivos em comparação com o restante do país.
Aplicabilidade da NBR 17.076/2024 na implantação de sumidouros em imóveis rurais
Este trabalho avalia os impactos da atualização da norma técnica da ABNT NBR 17.076/2024, que passou a exigir a instalação de, pelo menos, dois sumidouros por sistema, com alternância de uso, especialmente quanto à necessidade de área disponível para implantação no contexto rural. Ao comparar os critérios de dimensionamento da nova regra com os da extinta ABNT NBR 7.229/1993, observou-se que, em solos de argila arenosa e/ou siltosas ou de areia ou silte argiloso, é possível a implantar apenas um sumidouro, independentemente da profundidade. Já em solos de argila média compacta, são exigidos dois sumidouros para até 1,5 metro de fundo, e apenas um para profundidades maiores. Em solos de argila compacta, que apresentam menor capacidade de infiltração, são necessários dois sumidouros. A área mínima passou de 15,90 m² (um sumidouro) para 31,80 m² (dois sumidouros), podendo chegar a 63,60 m². Assim, a conformidade com a nova norma garante o bom funcionamento do sistema, contribuindo com a melhoria do saneamento em áreas rurais e para a redução da disposição inadequada de efluentes domésticos.
Implantação e manutenção de sistemas coletivos de abastecimento de água e esgotamento sanitário em áreas rurais e periurbanas
Este trabalho tem por objetivo apresentar os custos médios estimados necessários à sustentabilidade dos sistemas coletivos sob responsabilidade de prestadores municipais, a fim de promover uma discussão acerca das dificuldades e ações necessárias para universalização dos serviços de saneamento em áreas de baixa rentabilidade. Para subsidiar os investimentos estruturais e estruturantes voltados à universalização dos serviços, o Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira indicou um custo médio estimado por metro cúbico de água e esgoto faturado que variou entre R$ 4,04 a R$ 53,44. A ONU recomenda que a despesa máxima com os serviços de saneamento seja até 3% da renda familiar. A análise do impacto da Tarifa Social nas famílias beneficiadas revela que ela não reduz o comprometimento financeiro a níveis adequados. Isso pode sobrecarregar ainda mais os usuários não beneficiados, visto que o comprometimento atual já excede os percentuais recomendados. Assim, tornam-se necessárias estratégias para a universalização dos serviços saneamento nessas localidades.
Custos para soluções individuais de abastecimento de água e esgotamento sanitário em áreas rurais
A metodologia deste estudo considerou os requisitos operacionais, identificando os serviços, materiais e equipamentos necessários, além do tempo e frequência das atividades para cada solução individual. Para o abastecimento de água foram estabelecidos três cenários. A desinfecção apresentou o maior custo operacional, devido aos insumos e ao controle de qualidade da água exigido. Os sistemas "Poço + Desinfecção" e "Filtração em Margem + Desinfecção" mostraram custos anuais idênticos em todos os cenários analisados. Já o sistema "Cisterna + Desinfecção" se destacou com o mais econômico, com baixos custos de manutenção. Em relação ao esgotamento sanitário, a tecnologia de menor custo foi o “Tanque de Evapotranspiração”. Os sistemas mais onerosos incluem o "Tanque séptico + filtro anaeróbio + sumidouro", seguido por "Tanque séptico + filtro anaeróbio + círculo de bananeira" e "Biodigestor com sumidouro ou círculo de bananeira". Os resultados evidenciam que os custos variam conforme o tipo de solução adotada. Assim, é essencial desenvolver diretrizes e mecanismos de precificação que conciliem a viabilidade econômica para os prestadores e a acessibilidade para os usuários.
Indicadores para análise da segurança hídrica na área da Macrometrópole Paulista
Com base nos índices de segurança hídrica do Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH) e Atlas Águas e AdaptaBrasil, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), este estudo analisa a segurança hídrica na Macrometrópole Paulista (MMP). Para obter resultados mais precisos, foram incorporados aspectos de conceitos já existentes (Humana, Econômica, Ecossistêmica e Resiliência) e criou uma dimensão relativa à Governança, originando o Índice de Segurança Hídrica da MMP (ISH-MMP). Os resultados indicaram que a Baixada Santista enfrenta a situação mais crítica, especialmente nas dimensões Humana e de Governança. A Região Metropolitana de São Paulo obteve classificação média, impactada pelas dimensões Econômica e Ecossistêmica. Nas regiões de Sorocaba, Médio Tietê e bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), o ISH-MMP variou entre alto e médio, enquanto no Vale do Paraíba do Sul, o índice foi predominantemente médio, influenciado pelas dimensões Ecossistêmica, Resiliência e Governança. Assim, o ISH-MMP forneceu um panorama geral da segurança hídrica na MMP, identificando as principais áreas com criticidade hídrica, e que pode auxiliar na gestão de recursos hídricos da região.
Reuso direto e indireto na Macrometrópole Paulista e novos arranjos de produção de água de reuso potável na ETE Barueri
Este estudo, desenvolvido em duas etapas, analisou o potencial de aproveitamento hídrico de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) na Macrometrópole Paulista (MMP) para reuso potável direto (RPD) e não potável direto (RNPD). Em seguida, propôs um arranjo para produção de água potável na ETE Barueri, com o respectivo dimensionamento e estimativa de custos de implantação (Capex) e operação (Opex). Sete por cento das ETEs da MMP apresentam alto ou muito alto potencial para RPND. De forma similar, 5,3% dessas estações demonstram o mesmo potencial para RPD. Isso se deve ao fato de estarem localizadas em microbacias com problemas de balanço hídrico, onde os corpos d'água próximos não conseguem diluir esses resíduos de forma eficaz. Na segunda etapa do estudo, foi estimado que a instalação de uma Estação Produtora de Água Potável (EPAP) para reuso direto e indireto, independente da ETE Barueri, teria um custo de implantação (Capex) estimado de R$ 660 milhões e um custo anual de operação (Opex) de R$ 136 milhões. A implementação do reuso de água é fundamental para diminuir a escassez hídrica na MMP, exigindo um planejamento estratégico para avaliar a resiliência dos recursos hídricos.
Critérios e metodologias para a identificação de municípios com criticidade em macrodrenagem no estado de São Paulo
O eixo de saneamento Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas (DMAPU) enfrenta a falta de dados consolidados e a precarização dos serviços. Nesse contexto, este trabalho propõe uma metodologia para a seleção e hierarquização de municípios críticos no Estado de São Paulo. Para isso, foram analisadas todas as bases de dados disponíveis sobre o tema vulnerabilidade e risco a eventos hidrológicos. Os dados de cada base foram avaliados em nível municipal, considerando-se o maior grau de risco/vulnerabilidade identificado cada município. Como resultado, foram selecionados 202 municípios com criticidade alta e muito alta, das quais 73 possuem mais de 100 mil habitantes. A partir dessa lista crítica, analisaram-se os dados históricos de ocorrências de desastres hidrológicos, em termos de frequência e impactos sociais, além de uma estimativa do PIB em risco por município, gerando um ranking de criticidade. A metodologia mostrou-se adequada à realidade da drenagem urbana, podendo ser empregada na definição de estratégias de atuação e na tomada de decisão por planejadores e gestores locais e regionais.