Nos últimos anos, o rio Pinheiros e seu entorno passaram por revitalização, implantação de parque e de infraestrutura de lazer e o mau cheiro praticamente desapareceu. As boas novas se devem ao programa de despoluição do Governo do Estado de São Paulo, com ações de saneamento básico, limpeza, desassoreamento e educação ambiental. Uma das etapas, que tem o objetivo de restabelecer a qualidade das águas, é a implantação de cinco Unidades Recuperadoras da Qualidade das Águas em Áreas Informais – URQs, inauguradas nesta segunda-feira, 19 de dezembro, pela Sabesp. 

As URQs, implantadas em locais onde a ocupação desordenada impossibilita os meios convencionais de coleta e tratamento de esgoto, vão recuperar a água dos córregos Jaguaré, Pirajussara, Água Espraiada, Cachoeira e Antonico. Esses equipamentos são uma solução inovadora para recuperar afluentes do Pinheiros. 

A Cobrape lidera o Consórcio Qualidade Rio Pinheiros (CQRP), responsável pela gestão metodológica e supervisão das URQs. O CQRP iniciou os trabalhos em setembro de 2021, com o objetivo de apoiar a Sabesp no acompanhamento da execução das obras, operação das estações e gestão das informações relacionadas às cinco URQs.   

Estas unidades recuperam os córregos por meio da remoção dos esgotos transportados em via hídrica, com o objetivo de diminuir o índice de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e de SST (sólidos suspensos totais), além de elevar o nível de OD (oxigênio dissolvido) na devolução das águas ao seu curso natural. Resultado: águas mais limpas, seguindo os padrões mínimos exigidos pela legislação, ou seja, sem odores e com maior capacidade de abrigar vida aquática.  

Para executar a tarefa, o CQRP trabalhou em quatro frentes de trabalho. A Frente 1 é responsável pela gestão metodológica e por apoiar a Sabesp na administração e monitoramento dos contratos referentes à execução e operação das URQs, antecipando riscos, analisando e orientando na tomada de decisão com base na Metodologia de Gestão de Programas e Empreendimentos da concessionária de águas e nas boas práticas do PMBOK. A Frente 2 atua na supervisão da execução e controle da qualidade dos empreendimentos, acompanhando as obras localmente no dia a dia, durante as etapas de construção e montagem. Já a Frente 3 acompanha os serviços de operação assistida, a disposição final dos lodos e a manutenção geral das URQs, dando o suporte à Sabesp para que as instalações sejam operadas de forma adequada. Por fim, a Frente 4 lida com as questões administrativas e de infraestrutura, garantindo as condições necessárias para a execução do contrato de gerenciamento. 

Para atender este contrato, o CQRP mobilizou uma equipe de profissionais qualificados, contribuindo com a sua expertise para a gestão e supervisão da implantação e da operação das URQs, para atender os padrões e prazos estipulados, importante para a consolidação das ações do Programa Novo Rio Pinheiros. 

Revitalização 

Para devolver à população um rio mais limpo, com a vida aquática recuperada e livre de odores, o Governo do Estado de São Paulo iniciou, em 2019, o Programa Novo Rio Pinheiros. Para isso, a meta é chegar a uma concentração de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) igual ou inferior a 30 mg/L.  A DBO indica a quantidade de oxigênio consumida para degradar a matéria orgânica presente na água. Quanto maior a DBO, mais oxigênio será consumido, causando mortandade de peixes e produção de odores. Atualmente, dos 13 pontos de monitoramento do rio, 11 já apresentaram o chamado DBO abaixo de 30 mg/l, quantidade mínima para que a água não tenha odor, melhore a turbidez e permita vida aquática. Esses números eram entre 70 mg/L e 150 mg/L no início das ações. 

A estratégia adotada pela Sabesp para alcançar esse resultado é a limpeza dos córregos que deságuam no rio. Das 25 principais sub-bacias do Pinheiros, a maioria requer intervenções no sistema de esgoto para conter o lançamento in natura nos córregos. Até agora mais de 650 mil imóveis já foram conectados à rede de esgoto, evitando que toda carga orgânica desses locais chegasse ao rio. 

Para essas intervenções, a Companhia de Saneamento promoveu 16 licitações. O modelo de negócio utilizado é de contrato de performance, condicionando a remuneração à consecução de um escopo mínimo em um período de 18 meses e ao acompanhamento e manutenção dos resultados até o prazo final de 60 meses. Os principais parâmetros para verificação do cumprimento da meta estabelecida são a concentração da DBO no córrego e o incremento do número de economias encaminhadas para tratamento. 

A Cobrape também integra os consórcios vencedores das licitações para duas áreas:  

Córrego Pedreira/Olaria e Alto Pirajuçara, com as atividades iniciadas, respectivamente, em janeiro e junho de 2020.