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Crise da água
  
Folha de São Paulo
23/03/2009

Obra do sistema de Taiaçupeba, que ampliará oferta de água - Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

  • Obra do sistema de Taiaçupeba, que ampliará oferta de água - Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

Estudo vê risco de colapso de água em SP

Estado deve inaugurar no ano que vem um reservatório em Suzano para ampliar a oferta de água na Grande São Paulo.

Em cinco anos, a capacidade de abastecimento de água na Grande São Paulo caiu 5.100 litros por segundo, perda que representa volume suficiente para abastecer 2,5 milhões de pessoas por dia. Cada morador da Grande São Paulo consumiu em 2008, em média, 62.780 litros de água tratada.

A conclusão é de um estudo realizado pela Fusp (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo), que aponta "iminência de colapso de abastecimento", levando em conta ainda que a demanda, segundo a Secretaria Estadual de Energia e Saneamento, vem subindo 500 litros por segundo ao ano.

Entre 2002 e 2007, segundo o estudo, concluído em 2008, a chamada disponibilidade hídrica -que inclui água para abastecimento público, industrial e irrigação- caiu de 72,9 mil para 67,8 mil litros por segundo.

A condição é especialmente preocupante, conforme avaliação da secretária Dilma Pena (Energia e Saneamento), porque a Grande São Paulo, que já "importa" da bacia do rio Piracicaba metade da água que utiliza, praticamente esgotou seus próprios mananciais.

"Nossa disponibilidade está quase totalmente comprometida. Os mananciais foram ou estão sendo todo aproveitados, estão se esgotando", diz Dilma.

Novo sistema

Para ampliar o sistema de abastecimento, deve ser inaugurado em 2010 o sistema de Taiaçupeba, em Suzano, que ampliará a oferta em mais 5.000 litros por segundo - suficiente só para recuperar as perdas acumuladas desde 2002.

Também está em estudo o aproveitamento do sistema São Lourenço, na região de Juquitiba, com potencial para 4.700 litros por segundo. Explorado esse sistema, acabam as opções.

As causas apontadas pela queda na água disponível vão desde a superexploração quanto à degradação das represas, causada principalmente pelo assoreamento.

Cada habitante da Grande SP tem até 201 mil litros de água por ano, menos de um décimo dos 2,5 milhões usados como referência pela Organização Mundial da Saúde para regiões autossustentáveis. O Ceará tem 2,2 milhões de litros por ano, a Paraíba, 1,3 milhão de litros por ano e o Rio de Janeiro, 2,18 milhões de litros por ano.

Embora haja hoje um relativo equilíbrio entre oferta e demanda, trata-se de uma equação frágil, pois uma seca prolongada levará à falta de água, avalia o superintendente de produção da Região Metropolitana da Sabesp, Hélio Castro.

"É bastante preocupante a situação por causa da baixa disponibilidade. Já trazemos de outra bacia [do Piracicaba] 50% da água. Não tem jeito, dois anos de seca já afetariam [o abastecimento]", diz Castro.

Para ele, caso não haja problemas, o sistema atual deve suportar até dez anos. "Mas até lá teremos disputa pela água com outras regiões. Teremos percalços políticos a enfrentar", diz o superintendente.

Castro fala em política porque já em 2014 a Grande SP, que importa água da bacia do Piracicaba, terá que renovar a outorga (espécie de acordo que divide a água do Piracicaba) e a região de Campinas já convive com escassez que afeta seu crescimento econômico.

"Já tivemos indústrias que vieram sondar, mas as grandes consumidoras de água têm problemas para se instalar aqui", diz Dalto Fávero Brochi, secretário-executivo do consórcio de cidades da bacia do Piracicaba.

O Estado atua em três frentes para adiar o possível "colapso" alertado pela Fusp: combater perdas por vazamentos na rede e outras causas -que caíram de 30,1% (1999) para 28,5% (2008)-, incentivar a economia e buscar novas fontes a até 300 km de distância.

A Secretaria de Saneamento e Energia contratou a empresa Cobrape, por R$ 3 milhões, para avaliar a possibilidade de captar água do Vale do Ribeira, das represas de Jurumirim (rio Paranapanema) e Barra Bonita (Tietê) e do aquífero Guarani, a maior reserva subterrânea do planeta, a partir de Botucatu.

A ambientalista Marussia Whately, coordenadora do programa de mananciais do ISA (Instituto Socioambiental), defende que, antes de qualquer nova obra, a Sabesp combata as perdas na rede de distribuição.

Das perdas, de acordo com a Sabesp, 63% referem-se aos vazamentos, enquanto o restante é de submedição e fraudes.

Governo quer importar água para SP

Explorar água a quase 300 km da Grande São Paulo, em represas do interior do Estado ou no aquífero Guarani, são as soluções consideradas pelo governo como mais viáveis para evitar que o abastecimento de água entre em colapso.

No ano passado, a Secretaria de Saneamento e Energia contratou a empresa Cobrape para a realização de estudos de viabilidade econômica e ambiental para abastecer a região.

Uma das ideias, cogitada pelo menos desde os anos 1960, é trazer a água do Vale do Ribeira, onde a qualidade da água é melhor e a população é pequena, o que reduz a demanda.

Outras alternativas são trazer para a Grande SP água das represas de Barra Bonita (rio Tietê) ou Jurumirim (rio Paranapanema) ou ainda fazer uso intensivo do aquífero Guarani.

A secretária Dilma Pena (Saneamento e Energia) afirma considerar que, qualquer que seja a condição futura, um desses mananciais terá mesmo que ser explorado.

"Graças a Deus hoje os reservatórios estão bem, como não acontecia havia dez anos. Agradeço a São Pedro todos os dias", afirma Dilma, dando a pista da importância do regime de chuvas para manter o abastecimento na Grande São Paulo.

O desafio é ainda maior porque a solução, diz a secretária, terá de contemplar a chamada macrometrópole, que inclui ainda as regiões de Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e Santos.

"Estão aí 16% da população brasileira, 80% do PIB do Estado e 30% do comércio exterior do país. É grande a importância de termos segurança", diz.

Já a Sabesp, segundo o superintendente Hélio Castro, vem adotando políticas tanto para reduzir as perdas quanto para incentivar população e empresas a economizar.

As ações, segundo ele, permitiram que a redução de perdas (entre vazamentos e fraudes) caísse de 30,1% para 28,5% da água produzida na região metropolitana entre 1999 e 2008.

As campanhas educativas, ainda segundo a Sabesp, também vêm proporcionando uma estabilização no consumo médio por residência.

Em 2004, ano em que a forte seca derrubou o consumo e houve falta de água, cada morador metropolitano gastava 155 litros por dia, número que passou para 163 litros no ano seguinte e chegou a 173 litros em 2006. No ano passado, era de 172 litros por pessoa.

Uma outra estatística revela um cenário mais positivo --em janeiro do ano passado, cada casa da Grande SP gastou 20 mil litros por mês, volume que caiu a 13,1 mil litros ao mês em janeiro deste ano.

"É uma situação paradoxal porque aconselhamos o consumidor a economizar o produto que vendemos. Mas a água é um produto que ficará cada vez mais caro e será objeto de situações conflituosas", diz.


Folha de S. Paulo
José Ernesto Credendio
Caderno Cotidiano
Dia 22 de março de 2009

 
 
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