Maior obra hídrica da história da Paraíba, a construção do Canal Acauã-Araçagi, projetado para levar ao Estado as águas de transposição do Rio São Francisco, terá concluído até dezembro o primeiro lote, com 42 km. A previsão é do secretário de Estado de Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, João Azevedo, após a última inspeção realizada às obras. Com captação de 10 m³/s no lago da Barragem Acauã, no Rio Paraíba, o Canal avança no sentido sul-norte da região das Vertentes Litorâneas, entre João Pessoa e Campina Grande. O sistema adutor, com extensão total de 130 km, vai abastecer 600 mil moradores de 38 municípios e irrigar uma área 16 mil hectares.

Os recursos para a finalização do Lote 1 já estão assegurados. No último dia 7 de julho, em encontro com o governador Ricardo Coutinho, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, anunciou a liberação de R$ 15 milhões para a continuidade dessa etapa das obras. O investimento total na construção do Canal é de R$ 956 milhões, sendo 90% financiados pela União, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), com contrapartida de 10% do Estado.

A equipe técnica da Cobrape, empresa responsável pelo gerenciamento das obras, vê com otimismo o aumento dos repasses pelo Ministério, afetados com o corte do orçamento em 2015 e 2016 que provocou atrasos na execução das obras. “A inconstância na liberação dos recursos tem dificultado sobremaneira um eficiente planejamento”, diz o engenheiro Alexandre Camarano, membro da equipe. “A expectativa agora é o cumprimento das metas estabelecidas para o Lote 1, tendo em vista a readequação da planilha contratual apresentada para esse Lote, e a retomada das obras do Lote 2.”

Projeto de Integração

O Sistema Adutor das Vertentes Paraibanas – Canal Acauã-Araçagi – é uma das obras complementares do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O Projeto vai atender o Estado pelos dois eixos do empreendimento.

O Eixo Leste captará a água no Lago de Itaparica, em Floresta, no Estado de Pernambuco, e a conduzirá por 217 quilômetros até o Açude Poções, no município paraibano de Monteiro, passando por Campina Grande e vários municípios e centros urbanos, como a capital João Pessoa. O Canal Acauã-Araçagi, executado pelo governo do Estado, vai ampliar o abastecimento nessa região.

O Eixo Norte da Integração captará a água do São Francisco em Cabrobó, em Pernambuco, e a conduzirá por 260 km até o reservatório Engenheiro Ávidos, no município paraibano de Cajazeiras, garantindo o abastecimento de diversos municípios da Bacia do Rio Piranhas, com reforço hídrico em açudes estratégicos no Estado, como o Coremas, o maior do Estado, com capacidade para armazenar até 600 milhões de metros cúbicos de água.

Andamento das Obras

O projeto do Canal Acauã-Araçagi compreende 17 segmentos de canais abertos com seções trapezoidais totalizando 105,76 km, intercalados por cinco trechos em sifões invertidos construídos em tubos de aço para ultrapassar vales de rios e córregos, com 22,92 km, sete aquedutos com 1,69 km e 0,21 km de galerias para travessias sob rodovias e ferrovias. O sistema foi projetado para trabalhar totalmente por gravidade e transportar vazões variando de 10 m³/s no trecho inicial a 2,5 m³/s no trecho final.

As obras foram divididas em 3 lotes. No Lote 1, já foram concluídas as obras do canal de aproximação, a barragem, tomada de água e canais do segmento 1 e segmentos 2A. Nos trechos do sifão Surrão e Sifão Ingá – segmentos de canal 2B e 2C e aqueduto Mogeiro – falta apenas a execução das juntas de dilatação dos módulos. No segmento-3, último trecho do Lote 1, o revestimento do canal está com 85% executados. Nos próximos meses, devem ser iniciadas as obras de drenagem dos taludes, cujos projetos foram liberados para construção.

No Lote 2, já foram autorizadas as obras do Sifão Curimataú, com a montagem da tubulação e da transição de montante. As demais unidades do Lote 2, assim como as obras do Lote 3, dependem da ordem de serviço tão logo sejam disponibilizados novos recursos pelo Ministério.

Sustentabilidade hídrica

Os municípios na área de influência do Canal Acauã-Araçagi somam mais de 600 mil habitantes, dos quais quase um terço não conta com nenhum tipo de serviço público de abastecimento de água, e os demais, embora disponham de um serviço, não têm garantia de qualidade e regularidade no fornecimento.

Além de assegurar o abastecimento para o consumo humano, a construção do Canal vai fornecer água para a implantação de projetos de irrigação ao longo de seu traçado, uma vez que ele atravessa uma região da Paraíba com vocação agrícola, de solo de boa qualidade e com aptidão para a agricultura irrigada, com destaque para a produção de cana-de-açúcar, grãos e frutas.