Até abril de 2016, a Cobrape vai elaborar estudos e propor alternativas de abastecimento levando em conta demandas e novos reservatórios projetados

Os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental do Sistema Adutor Regional PCJ, contratados pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE de São Paulo à Cobrape, têm potencial para resolver a questão hídrica nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, uma região de intensa atividade econômica com cerca de 5,5 milhões de habitantes distribuídos em 62 municípios, inclusive Campinas. Assim afirma o biólogo Sávio Mourão Henrique, membro da equipe.

"Os estudos deverão ficar prontos ainda no início das obras de construção dos novos reservatórios projetados, o que permitirá a adoção de alternativas mais eficientes de adução e distribuição da água por 27 municípios chave da região", diz Sávio Mourão. Os projetos básicos de duas barragens, Pedreira, no Rio Jaguari, e Duas Pontes, no Rio Camanducaia, foram elaborados pelo Comitê das Bacias do PCJ e entregues ao DAEE em 2013. Os projetos executivos, devem ser concluídos até dezembro deste ano, e o EIA-RIMA está em fase de análise pelas autoridades ambientais. A próxima etapa é a realização de audiências públicas.

A partir de dados da Fundação Seade e do Plano Agrícola Municipal do IBGE, e de dois estudos anteriores elaborados pela própria Cobrape – Plano de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista – a equipe técnica irá trabalhar as questões da localização e de distribuição de água, considerando ainda os registros de outorga. Serão estudadas as situações atuais e as demandas futuras para a formulação de soluções de abastecimento de água bruta dos 27 municípios chave e avaliadas as consequências do balanço hídrico para toda a região das bacias PCJ.

"Precisamos atualizar dados e construir um balanço hídrico mais pormenorizado, focando o atendimento aos pontos de captação para tratamento, mas considerando sempre as influências das demandas por água pelas indústrias e irrigação", explica Sávio Mourão. Os rios em questão têm diversas captações, o que torna complexas as relações entre os municípios. "Podemos traçar estratégias de distribuição de várias formas, mas o foco do trabalho é a adução mais racional com impactos distributivos a montante e a jusante", conclui.

Demanda

Os estudos tomarão por base projeções de demandas populacionais da Fundação Seade para o horizonte de 2045, considerando, para estipular as demandas hídricas, os consumidores residenciais, industriais e rurais. Está previsto o emprego do software AcquaNet, ferramenta desenvolvida pelo LabSid – Laboratório de Sistemas de Suporte a Decisões em Engenharia Ambiental e de Recursos Hídricos, da Escola Politécnica da USP, já utilizado pela Cobrape na elaboração do Plano Diretor para o Aproveitamento dos Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista.

"É necessário controlar a disponibilidade hídrica para evitar crises como a atual", afirma. "Em Campinas houve, recentemente, uma queda na captação porque a atividade agrícola ampliou a irrigação. A Sanasa intensificou a fiscalização e normalizou o abastecimento."

A proposta da melhor solução de abastecimento ainda passará pelo crivo político. Com o produto a ser desenvolvido pela Cobrape, o DAEE poderá atuar na negociação do arranjo da implantação e operação, definindo a melhor opção de “engenharia institucional” para a materialização do Sistema Adutor Regional, e também do uso da água das barragens, que aumentará a segurança hídrica na região. Após esse trabalho, devem ser contratados os projetos básico e executivo do Sistema, bem como seu licenciamento ambiental, antes da realização efetiva da obra. A previsão é que o SAR-PCJ entre em operação a partir de 2018.