Na lista do IBGE das dez maiores favelas do Brasil figuram as paulistanas Paraisópolis e Heliópolis, nas 8a. e 10a posições, respectivamente. Mas, se houvesse uma lista dos maiores programas de urbanização de favelas do País, São Paulo ocuparia o lugar de honra com o Programa de Urbanização de Favelas da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo (SEHAB).
Atuando simultaneamente em 12 localidades – Paraisópolis e Heliópolis incluídas – o Programa está criando novos paradigmas para a urbanização de favelas e loteamentos irregulares. A proposta é conferir, às áreas, as qualidades capazes de as transformarem em bairros e, aos moradores, condições reais de cidadania. Essa trajetória da informalidade da favela à formalidade da cidade é apoiada pelo trabalho de gerenciamento social da Cobrape.
Uma equipe multidisciplinar de mais de 100 profissionais divide-se entre as áreas do Programa e atua junto a 98.599 mil domicílios para realizar o acompanhamento social das famílias durante a fase das obras e promover ações voltadas para a educação ambiental, a inclusão social, a geração de renda e o fortalecimento comunitário. Como cada um destes macroprocessos desencadeia uma série de atividades específicas, o conjunto de ações do gerenciamento social assume proporções paulistanas.
"A magnitude da intervenção nos obrigou a estruturar, em conjunto com a Cobrape, um Sistema de Monitoramento que propiciasse o registro das atividades desenvolvidas de forma organizada e padronizada", relata a socióloga Simone Coelho, diretora-presidente do IDECA – Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e de Ação Comunitária. O Instituto é responsável pelo controle externo do gerenciamento social, uma exigência do contrato entre Cobrape e SEHAB.
Aperfeiçoamento do gerenciamento social
Implantado há três anos em praticamente todas as áreas de intervenção do Programa, o Sistema de Monitoramento é alimentado diretamente pelas equipes da Cobrape, que receberam treinamento e suporte de instrumentos como o Guia de Orientação para o Registro de Dados no Sistema, o Diário de Campo e o Glossário para utilizá-lo adequadamente.
O sistema propicia a sistematização dos dados quantitativos e qualitativos, analisados em relatórios trimestrais. Além disso, os profissionais do IDECA se reúnem quinzenalmente com equipe de coordenadores e supervisores para discussões sobre o andamento do trabalho.
Ao final de 2011, por exemplo, a partir dos indicadores gerados pelo sistema e dos relatos qualitativos, foi possível identificar que as equipes sociais têm atuado de maneira intensa no macroprocesso de acompanhamento de famílias na fase de obras. "As equipes conseguiram desenvolver estratégias eficazes para este núcleo central do projeto, com procedimentos padronizados de entrada nas áreas, cadastramento de famílias, plantões sociais e remoções", avalia Simone Coelho.
Nas áreas de educação ambiental, geração de renda, inclusão social e, especialmente, de fortalecimento comunitário, os indicadores apontam avanços mas, também, a necessidade de se ampliar e aperfeiçoar estes macroprocessos. O desafio, nestes casos, passa pelo envolvimento das famílias, objetivo difícil de ser alcançado.
Quanto o IDECA analisa as atividades de fortalecimento comunitário, há a constatação de que, do lado das equipes sociais, o trabalho "é árduo e as conquistas pequenas e gradativas". Do lado da comunidade, o Instituto avalia que ela "precisa estar disposta para esse crescimento, entendendo que esse é um processo em que ela é coparticipante na busca tanto por melhores condições de vida, como na gestão e conservação das melhorias alcançadas, bem como na construção de uma convivência mais harmoniosa".
Desafios - Para o Coordenador de projetos de Urbanização Integrada e Gerenciamento Social da Cobrape, Oscar Innecco, o monitoramento e a avaliação externa qualificam o trabalho social realizado pela Cobrape e induzem a inovações na área.
"O gerenciamento social, que já se situa no campo das inovações associadas aos grandes projetos de intervenções urbanísticas, ganha qualidade com o acompanhamento externo. No caso de São Paulo, estamos avançando na constituição de uma política específica para o trabalho social, com a sistematização dos padrões de intervenções. É mais um paradigma propiciado pelo Programa da SEHAB", afirma Oscar Innecco.
Assessoria de Comunicação
